16/01/09

OS LOBOS DO NATAL

Era uma vez uma futura mãe lobo. Estava uma fria noite de Inverno e a mãe lobo estava no seu covil a pensar quando é que os seus filhotes nasceriam.
Dentro do covil via-se a aldeia, mas essa noite parecia ser especial. A aldeia estava iluminada com luzes coloridas e as crianças brincavam com a neve; também havia uma árvore enorme muito iluminada e com enfeites e, ainda, presentes embrulhados em papel colorido.
Logo a seguir, viu uma mulher a aproximar-se de uma das crianças e pensou logo que essa mulher devia ser a sua mãe. Quanto a mãe lobo desejava que os seus lobinhos vissem aquela alegria toda! Quanto ela desejava que os seus filhos nascessem naquele dia! Quanto ela desejava ter companhia naquele covil escuro, frio e vazio.
Nesse instante, olhou para a serra, e viu uma família com o pai, a mãe e três alegres filhos. Estavam os três a brincar com a neve e, até, às cavalitas do pai. Naquele momento a mãe lobo sentiu falta do seu companheiro, o qual saíra, entretanto, para buscar comida.
Então, para se esquecer, olhou para o céu onde via a neve fria cair. Sentia que a neve era fria e mole. Pôs-se debaixo dela só para verificar se o que ela pensava estava correcto e, ao sentir que era muito mais fria do que o que esperava, foi logo para dentro para se aquecer.
Ao olhar para o céu, via as estrelas e achava-as tão brilhantes e sozinhas que se pôs a olhar em volta, apercebendo-se de que mais uma vez estava sozinha. Mas… quando olhou para baixo viu que o seu companheiro se aproximava com um belo carneiro na boca para partilhar consigo.
O lobo ao ver que a mulher não comia perguntou-lhe:
- Porque é que não comes?
- Já olhaste para a aldeia e viste as luzes, a árvore e as crianças a brincar? – Interrogou com ar triste.
- Não, mas porque é que perguntas? – quis saber o lobo.
- Preciso de companhia, sinto-me sozinha. – respondeu.
- Estás a ficar ansiosa que os nossos filhotes cheguem. Todas as mães ficam assim.
- Deve ser isso! – exclamou a mãe lobo.
Já cheia e relaxada começa a sentir pequenas patinhas, depois mais, mais e mais… até sentir que estava na hora.
- Sai daqui! – ordenou ela.
Com pressa, o companheiro sai da gruta e começa a uivar para anunciar a chegada dos seus filhos.
O ambiente estava pesado, o companheiro andava de uma lado para o outro, e havia um silêncio profundo igual ao que se pusera na aldeia. Mas, quando os sinos tocaram na aldeia o companheiro teve um pressentimento de que já estava tudo acabado.
A companheira chamou-o e viu-a deitada com três pequeninos lobos a beber o leite materno. Uma era branca como a neve, outro era negro com pintas minúsculas como o céu estrelado e outro era cinzento como a serra gelada.
Quando a nova mãe os observou lembrou-se de tudo o que tinha visto. A aldeia, a neve, a serra e o céu estrelado. Nesse momento lembrou-se que era Natal e que quando o sino toca é para uma missa. E também se lembrou que nesse dia se comemora o nascimento de Jesus e lembrou-se que o sino tocou quando o seu terceiro filho nasceu, à meia-noite.
E foi assim que no Natal recebeu o melhor presente da sua vida: ser mãe!

REPÓRTER: ANA TERESA

Sem comentários: